O Crescer da Vida
Comparem o universo a uma usina de eletricidade. Ela fornece para a sua casa luz e força? Geralmente me respondem: Sim! Mas eu respondo: Não! A usina somente fornece os dois fios das duas correntes. A luz e a força dependem da minha instalação!
Nesta resposta está toda a sabedoria da interpretação astrológica.
Não é o universo ou a fonte da vida a origem dos meus curto circuitos e tempestades, como na Antiguidade pensaram. Não há erros, culpas, desgraças nem doenças ocasionadas pelas forças externas, somente pela minha ignorância de como instalar a luz.
É a vida, com suas tempestades e curto circuitos, que me faz crescer e aprender a chegar:
- da fúria ao amor;
- da ignorância à sabedoria;
- da agitação ao equilíbrio;
- da sombra à luz,
irradiando o que me foi dado em forma de energia bipolar, emanando luz.
A Astrologia, nesta nova forma de explicar o funcionamento dinâmico da bipolaridade em nós, facilita eliminar nossa ignorância a respeito de nós mesmos.
O primeiro é o que recebe a energia em forma de duas correntes completamente afastadas uma da outra. Ele anda na escuridão e à medida que os dois polos se aproximam cada vez mais encontrará choques, mas no fim da vida ele se transformará. Se ele tinha Áries ativo e a Balança passivo, foi um violento, um impaciente, que se torna, no fim da vida, bondoso. Se o ativo foi a Balança, ele se tornará, no fim da vida, enérgico, por que reconhecerá quantas vezes errou por não impor sua personalidade e sua energia.
Um não nasceu violento e o outro não nasceu frouxo. Eles nasceram com as energias divididas, e seu caminho foi que, pelas lições da vida, tiveram de encontrar o equilíbrio e a paz.
Chamamos este estado de inconsciente. Sendo consciente e subconsciente completamente divididos, esse homem só encontra a compreensão de sua vida na última respiração. Como o sonho que passa na fração de segundos em que alguém bate à porta, no último momento de vida ele chega ao porquê de tudo e encontra sua iluminação. Nisto baseiam-se o confessionário e a absolvição: ao reconhecermos uma culpa ou um erro, a lição da vida foi dada e a culpa é eliminada. Na psicanálise, saber o porquê da dor faz com que ela desapareça, e traz o equilíbrio.
Há aquele que recebeu as duas correntes tão próximas, que está sempre em curto-circuito. Quando seu consciente quer algo, seu subconsciente solicita o contrário. Mas este poderá aprender mais rápido, pois terá a todo momento lições da vida. A este nós chamamos inquieto.
Ao terceiro, chamamos despertado, porque, ao ligar-se a luz, a instalação já estava feita. Sua luta é para saber manter e respeitar as leis da eletricidade.
Por último, o iluminado. Como exemplo, damos o nascimento de Jesus. À meia-noite o Sol iluminou o subconsciente e a estrela (cometa ou conjunção de planetas), o consciente, dando-lhe consciência da energia cósmica. Nele não havia sombra. Ele era a encarnação da força criadora sem divisão. Os magos (astrônomos e astrólogos) vieram a seu lugar de nascimento como hoje a astronomia vai pesquisar e observar os fenômenos em busca da compreensão da luz una.
O crescer da vida e sua conscientização, não somente na vida humana, mas em todas as formas de vida do indivíduo e da coletividade, passa por sete etapas ou situações:
Ao nascer, a criança penetra no universo visível recebendo como base os polos ativos e passivos em equilíbrio. A prova é que, ao entrar no primeiro banho, ela se agarra, tendo consciência do perigo de vida. Mais tarde ela perde essa noção. Se queremos dar a uma criança um alimento que não corresponde a sua idade, ela rejeita e se revolta. Mais tarde, será capaz de engolir o pior veneno sem se dar conta. Se chamamos uma criança mostrando um doce numa mão e na outra uma agulha de injeção, ou se fingirmos amabilidades quando na verdade não lhe sentimos amor, ela não virá ao nosso encontro.
Ela ainda é iluminada pela vida e tem noção do iluminado, sentindo o que passa no nosso íntimo, porque consciente e subconsciente ainda não se dividiram, os polos ativos e passivos ainda estão em harmonia. À medida que desperta para a vida, tomando conta do seu corpo, da sua casa com a instalação feita, ela começa a desenvolver seus cinco sentidos que captam o visível, e desliga os que captam o invisível.
Emma de Mascheville